terça-feira, 7 de outubro de 2014

Etimologia de aético

Procurei no Dicionário da Língua Portuguesa a definição de “aético”.  Para um dicionário dinâmico como o nosso, me surpreendi com a não existência de uma definição oficial. 


Alguns outros associam com “anético”, que se opõe à ética, que se opõe à moral.  Mas, tenho certeza, trata-se de uma palavra já proferida algumas vezes.  Como outros já publicaram, e, tendo a partícula “a” o significado de negação, teríamos então a negação da ética ou o que não é ético ou anético.

Foquei então, pela sonoridade, na palavra “aético”, para poder definir algumas situações fáticas, imorais, quiçá ilegais, como :


- É aético dirigir embriagado e, flagrado pelas autoridades, negar-se à soprar o “bafômetro”;

- É aético dirigir um carro de propriedade de pessoa jurídica, cujos sócios são seus parentes, para ocultar de seu próprio patrimônio e, quem sabe, sua compulsão em desrespeitar regras de trânsito;

- É aético, e hipócrita, ser conhecido “na noite” por se embriagar em baladas, agredir mulher, terminar noitadas em botequins, e de dia discursar sobre sua força de caráter;

- É aético construir propriedade pública sobre propriedade privada, incorporar o público ao privado, trancar e levar a chave embora;

- É aético falar em “liberdade de expressão” e em seguida mandar demitir e prender jornalistas;

- É aético ter sido indicado para diversos cargos públicos, indicar amigos para diversos cargos públicos  e  falar em combater o aparelhamento da máquina pública;

- É aético enxergar o cisco no olho do outro e não perceber a trave no seu;

- É aético difundir a idéia de que ser bem ou mal sucedido na vida é uma predestinação divina;

- É aético falar que fez o que não fez, que é o que não é, que foi o que não foi;

- É aético falar em ética quando não se tem ética;

Enfim, a realidade desenha a etimologia da palavra, e nos diz que atitude reta e coerência ao longo da vida nos mantém longe de contradições.



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Na primeira noite, eles se aproximam e colhem uma flor de nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem, pisam as flores, matam nosso cão. E não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles, entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a lua, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E porque não dissemos nada, já não podemos dizer nada. Eduardo Alves da Costa